A cidadania não se limita a uma palavra, uma idéia, um discurso, nem está fora da vida da pessoa. Ela começa na relação do homem consigo mesmo para, a partir daí, expandir-se até o outro, ampliando-se para o contexto social no qual o homem e a mulher estão inseridos. É uma nova forma de ver, ordenar e construir o mundo, tendo como princípios básicos os direitos humanos, a responsabilidade pessoal e o compromisso social na realização do destino coletivo.
A experiência da vivência cidadã nos mostra que é necessário um trabalho de reconhecimento e valorização dos direitos e deveres do cidadão, para que eles sejam respeitados e cumpridos, já que o seu exercício não ocorre de forma automática.
Assim, um dos propósitos de PROJETAR A VIVÊNCIA CIDADÃ é oportunizar e estimular a reflexão e o debate sobre a questão dos direitos humanos, permitindo a construção de uma nova ética e um novo tipo de convivência social. Com este objetivo serão trabalhados instrumentos que embasam o exercício da cidadania, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Dentre os diferentes temas relacionados a essa questão, destaca-se a violência, que aparece não apenas sob forma de agressão física, mas, também, como privação de direitos, desqualificação social, transformação do indivíduo em objeto, ignorância, miséria e desemprego.
A cidadania, no trabalho com o grupo, se constrói pelo reconhecimento e respeito às diferenças individuais, pelo combate aos preconceitos, às discriminações (econômica, política, sexual, cultural etc.) e aos privilégios, pela participação no processo grupal, pela ampliação da consciência em relação aos direitos e deveres e pela confiança no potencial de transformação de cada um.
A cidadania não é um discurso, precisa ser vivenciada para ser incorporada pelo grupo, incluindo todos nesse processo de transformação social. A cidadania é construída no exercício das pequenas coisas do cotidiano, abrangendo não apenas os direitos,mas, também, os deveres, gerando compromisso, responsabilidade e participação.
É importante estimular o protagonismo juvenil como exercício da cidadania, envolvendo o adolescente na discussão e resolução de problemas concretos do seu cotidiano, assim como nas questões de interesse coletivo, incentivando sua participação em associações (ecológicas, culturais, estudantis etc.) e em movimentos sociais mais amplos.
Sem esse espaço de descoberta e experimentação social, a transição do adolescente para o mundo adulto se faz sem práticas e vivências fundamentais para o desenvolvimento da sua consciência ética e do seu compromisso cidadão.
Ser cidadão significa estar na vida e no mundo, sentindo-se parte integrante do gênero humano, peça singular do quebra-cabeça da história, participante ativo do esforço de mudança da sua realidade social, deixando por onde passa sua marca. É mais que sobreviver, é mais que viver com prazer, é gozar da existência.
É com essa visão que as instituições educativas deveriam atuar e fazer a diferença, mostrando o caminho do sucesso, abrindo novos horizontes, mostrando que todos nascemos para brilhar.