sexta-feira, 15 de julho de 2011

BULLYNG - VIOLÊNCIA NA ESCOLA



A  violência é o conjunto de incivilidades freqüentes no cotidiano escolar, como agressões verbais e físicas, brincadeiras muito agressivas, humilhações, indisciplina exagerada e especialmente, ameaças. Com menor freqüência apareceu um tipo específico de agressão, que é quando uma turma de alunos se reúne e bate em um colega, em geral no horário da saída da escola.
A palavra bullyng ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores.
É fundamental explicitar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou alguns estudantes, geralmente, não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Isso significa dizer que, de forma quase “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.
Não há como negar que vivemos tempos difíceis, em que a violência e a agressividade infantojuvenil são crescentes e ameaçam a todos nós. Seja como pais ou educadores, seja como membros de uma coletividade, de um estado ou de toda a sociedade, nenhum de nós está imune a essas circunstâncias.Direta ou indiretamente sofremos efeitos dessa forma de agir adotada por muitos dos nossos jovens. Auxiliar e conduzir as novas gerações na construção futura de uma humanidade mais atenta a seus excessos e enganos, mais justa e menos violenta, é um compromisso de todos nós, que habitamos o planeta e devemos nos incumbir.
Para professores, alunos e administração, o cotidiano se apresenta caótico. É a idéia de caos que permanece, a impressão de que ‘tudo pode acontecer’, de que se vive ‘em uma selva’. Assim, os agentes escolares procuram resolver os eventos de violência como é possível a cada momento, sem conseguir distinguir os diferentes fatores presentes em cada caso e, portanto, sem propor um projeto de desestruturação das causas, ou seja, a prevenção.
Há uma configuração de fatores, e não podemos deixar de dizer que é um fenômeno social característico das relações contemporâneas. Do ponto de vista psicopedagógico, existem causas no funcionamento do estabelecimento, nas relações pedagógicas e nos modelos de resolução de conflitos.
 A escola precisa propor espaços e alternativas para a resolução dos conflitos intrapessoais, interpessoais e com a instituição. É também uma questão de aprendizagem, de conhecer formas saudáveis de lidar com as contradições.
 É imprescindível estarmos atentos aos sinais, atentos ao que está ocorrendo. Não é preciso esperar que um aluno apareça armado para percebermos que há necessidade de intervir. A escola não pode deixar passar o clima de agressões freqüentes apenas como se fosse ‘o jeito dos alunos’. Em linhas gerais, eu diria que tudo começa com o respeito ao professor como profissional (refiro-me a salário, condições de trabalho, hora atividade, etc...). Em seguida, uma escola bem cuidada. A valorização do diálogo, o envolvimento dos educadores, e a aprendizagem como trabalho principal da escola, em suma, dar visibilidade para os esforços concretos de promover a aprendizagem.
Os agressores apresentam, desde muito cedo, aversão às normas, não aceitam serem contrariados ou frustrados, geralmente estão envolvidos em atos de pequenos delitos, como furtos, roubos ou vandalismo, com destruição do patrimônio público ou privado. O desempenho escolar desses jovens costuma ser regular ou deficitário; no entanto, em hipótese alguma, isso configura uma deficiência intelectual ou de aprendizagem por parte deles.
Muitos apresentam, nos estágios iniciais, rendimentos normais ou acima da média. O que lhes falta, de forma explicita, é afeto pelos outros. Essa afetividade deficitária (parcial ou total) pode ter origem em lares desestruturados ou no próprio temperamento do jovem.
O quadro que se apresenta quando falamos de violência no meio escolar é complexo. Não acredito que pensar em drogas ilegais como causa principal seja o melhor caminho. Entre os usuários, nem todos são necessariamente descontrolados e violentos. Mas é inegável que a hierarquia de poder, os valores mercantilistas e a violência (inclusive armas) que estão associados ao tráfico compõe uma situação assustadora.
Nesse sentido, as drogas podem ser um fator de agravamento da situação de violência, de sentimento de caos nas escolas. Sua ausência não garante, no entanto, a existência de respeito e diálogo. As drogas não eram centrais na discussão sobre a violência. Os valores dos jovens  é que apontavam um possível crescimento da presença das drogas para o futuro, através de uma identidade relacionada ao sentido da vida, às representações. Este é o problema maior: quando para a juventude, o trabalhador é o ‘trouxa’ e o herói é o bandido, é ele que tem o espaço na mídia, a atenção. Nesta perspectiva sai valorizada a droga, o individualismo, a competição, o consumo, o dinheiro,as agressões, o desrespeito, a violência.  
 Quando  a comunidade está presente na escola tomando decisões, gerindo e participando, os índices de violência, vandalismo e insegurança são menores. É bem provável que as duas variáveis, ou seja, escolas bem cuidadas e participação da comunidade sejam concomitantes.
 A naturalização da presença de armas de fogo, o fácil acesso a elas, e a valorização de seu uso na mídia e na vida, são fatores que também nos chamam a atenção, trazem consigo a mensagem do outro como inimigo.
 As condições materiais são importantes, mas as condições humanas – valores, crenças, cultura, visão de homem e sociedade, interações, aceitação e inclusão social e escolar – nos fazem humanos, dão sentido e norteiam nossas ações.
 A educação, como a vida em sociedade em geral, deve desfrutar do conforto material e de uma administração eficiente, mas são os propósitos que lhe dão sentido e importância. Ainda assim, mesmo numa situação idealizada, a condição humana tem desafios acima de nossa compreensão. E, creio, temos que conviver com isto, com a nossa impotência também.
Identificar os alunos que são vítimas, agressores ou espectadores é de suma importância para que as escolas e as famílias dos envolvidos possam elaborar estratégias e traçar ações efetivas contra o bullyng. Cada personagem dessa trama apresenta um comportamento típico, tanto na escola como em seus lares. Cabe à sociedade transmitir às novas gerações valores e modelos educacionais nos quais os jovens possam pautar sua caminhada rumo à sua vida adulta de cidadão ético e responsável.
Para conhecer mais sobre essa temática, além de pesquisar na internet, indico o livro “bullyng – mentes perigosas nas escolas” de Ana Beatriz Barbosa Silva e que assista ao filme    “Bullying – provocações sem limites” sob direção de Josecho San Mateo.

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